“É
solitário morrer em África!”
O
ano de 2015 não começou da melhor forma, acho que todos os desejos e votos por
nós vociferados para o mundo no crepúsculo de 2015 não foram suficientemente
fortes para evitar os últimos trágicos acontecimentos que têm marcado de forma
exangue a atualidade...
O
atentado em Paris foi obsceno, um ato bárbaro perpetuado por pessoas envoltas
em ideologias que não consigo perceber, mas, o que aconteceu na Nigéria com
todos os requintes de malvadez a adornarem os atentados e as mortes
ultrapassaram o abismo vilipendioso da maldade! “Os explosivos estavam
colados à volta do corpo da menina que parecia não ter mais de dez anos”,
disse a Reuters a uma fonte policial. Não consigo visualizar sequer que
tal ato torpe e infame seja perpetuado no corpo imaculado e cândido de uma
menina de 10 anos! Pelo menos 20 pessoas morreram no “Monday Market” na
cidade de Maiduguri. Vive-se um clima de horror e terror latente na Nigéria, os
radicais islâmicos estão a atacar as zonas em redor, perscrutando sequiosamente
locais que emanem vida com uma vontade sanguinária desmedida. Algumas fontes
relatam que os números já ascendem a 2000 mil mortos, sim, são mesmo três
zeros, não há erro numérico....
Não
quero resvalar para o cliché que mais tenho lido nestes dias, contudo é
verdade, e após o desenrolar deste cenário depravado, não existiu nenhum
momento mágico de união mundial onde os chefes de Estado entrelaçam os braços e
caminhem com passos peremptórios e categóricos por uma capital do mundo
rezando, defendendo ou honrando as pessoas que morreram inocentemente na Nigéria!
O Arcebispo da cidade de Jos, Ignatius
Kaigama, pediu encarecidamente que a mesma atenção fosse dada as militantes
que atuam com cada vez mais violência no nordeste do país africano. É urgente a
necessidade de ajuda neste país! Em entrevista ao programa Newsday, da
BBC, o arcebispo disse que o massacre em Baga é a prova de que o Exército do
país não consegue conter Boko Haram e os seus séquitos. Porque é que o espírito
não se multiplica? Porque não nos organizamos em prol da vida de pessoas iguais
aquelas que morreram em Paris? O que é que muda? É a cor da pele? É a
nacionalidade? É por não terem a Torre Eiffel ou o Louvre? Somos diferentes em que
afinal? Tem menos valor a vida de um nigeriano?
Estou
dolentemente revoltada com tudo isto, e a situação Je suis Charlie veio
aguçar de forma estoica ainda mais a minha liberdade de expressão, já que é um
direito que a todos assiste, tal como o direito à vida, direito que tem sido
plissado!
Este cruzar de braços mundial está a causar-me
arrepios de insurreição, apetece-me
fazer-lhes cócegas com caracter de admoestação a esses braços amorfos e
misantropos e ciciar-lhes " Estão a ser hipócritas!". Apesar
de ter muita fé no mundo em que vivemos e achar que esta repleto de pessoas
boas com uma enorme capacidade de amar e de ajudar o próximo, por vezes vejo
que esses nobres princípios jogam às escondidas com o poder num exercício de
sombras ardiloso, egoísta e ganancioso.
Valendo-me de John Done, será que não
percebemos que a morte de cada Homem diminui-nos? Porque Nós fazemos parte da
Humanidade, daí nunca devermos perguntar por quem dobram os sinos, porque é por Nós!
Tenho mesmo de concordar com o editor do jornal “The Namibian”, Wonder Guchu “É solitário morrer em
África!".
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