quarta-feira, 14 de janeiro de 2015




“É solitário morrer em África!”

O ano de 2015 não começou da melhor forma, acho que todos os desejos e votos por nós vociferados para o mundo no crepúsculo de 2015 não foram suficientemente fortes para evitar os últimos trágicos acontecimentos que têm marcado de forma exangue a atualidade...
O atentado em Paris foi obsceno, um ato bárbaro perpetuado por pessoas envoltas em ideologias que não consigo perceber, mas, o que aconteceu na Nigéria com todos os requintes de malvadez a adornarem os atentados e as mortes ultrapassaram o abismo vilipendioso da maldade! “Os explosivos estavam colados à volta do corpo da menina que parecia não ter mais de dez anos”, disse a Reuters a uma fonte policial. Não consigo visualizar sequer que tal ato torpe e infame seja perpetuado no corpo imaculado e cândido de uma menina de 10 anos! Pelo menos 20 pessoas morreram no “Monday Market” na cidade de Maiduguri. Vive-se um clima de horror e terror latente na Nigéria, os radicais islâmicos estão a atacar as zonas em redor, perscrutando sequiosamente locais que emanem vida com uma vontade sanguinária desmedida. Algumas fontes relatam que os números já ascendem a 2000 mil mortos, sim, são mesmo três zeros, não há erro numérico....
Não quero resvalar para o cliché que mais tenho lido nestes dias, contudo é verdade, e após o desenrolar deste cenário depravado, não existiu nenhum momento mágico de união mundial onde os chefes de Estado entrelaçam os braços e caminhem com passos peremptórios e categóricos por uma capital do mundo rezando, defendendo ou honrando as pessoas que morreram inocentemente  na Nigéria!
O Arcebispo da cidade de Jos, Ignatius Kaigama, pediu encarecidamente que a mesma atenção fosse dada as militantes que atuam com cada vez mais violência no nordeste do país africano. É urgente a necessidade de ajuda neste país! Em entrevista ao programa Newsday, da BBC, o arcebispo disse que o massacre em Baga é a prova de que o Exército do país não consegue conter Boko Haram e os seus séquitos. Porque é que o espírito não se multiplica? Porque não nos organizamos em prol da vida de pessoas iguais aquelas que morreram em Paris? O que é que muda? É a cor da pele? É a nacionalidade? É por não terem a Torre Eiffel ou o  Louvre? Somos diferentes em que afinal? Tem menos valor a vida de um nigeriano?
Estou dolentemente revoltada com tudo isto, e a situação Je suis Charlie veio aguçar de forma estoica ainda mais a minha liberdade de expressão, já que é um direito que a todos assiste, tal como o direito à vida, direito que tem sido plissado!
Este cruzar de braços mundial está a causar-me arrepios de insurreição, apetece-me  fazer-lhes cócegas com caracter de admoestação a esses braços amorfos e misantropos e ciciar-lhes " Estão a ser hipócritas!". Apesar de ter muita fé no mundo em que vivemos e achar que esta repleto de pessoas boas com uma enorme capacidade de amar e de ajudar o próximo, por vezes vejo que esses nobres princípios jogam às escondidas com o poder num exercício de sombras ardiloso, egoísta e ganancioso.
Valendo-me de John Done, será que não percebemos que a morte de cada Homem diminui-nos? Porque Nós fazemos parte da Humanidade, daí nunca devermos perguntar por quem dobram os sinos, porque  é por Nós!
Tenho mesmo de concordar com o editor do jornal “The Namibian”, Wonder Guchu “É solitário morrer em África!".



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