Aterrar em Díli, foi como ter
aterrado em outro planeta!
Uma confusão tremenda, mal saí do
avião senti logo na cara o ar quente e perfumando de Timor-Leste!
O céu estava carregado, e mal saí do aeroporto caiu um verdadeiro dilúvio.
O céu estava carregado, e mal saí do aeroporto caiu um verdadeiro dilúvio.
"Começar de novo" era a
frase que me pairava na mente a cada km que era feito.
Era tudo novo e tudo
diferente, nada era igual ao que eu já tinha visto, nem tão pouco se
assemelhava a Africa,Vietname ou à Indonésia, era Timor Leste!
Senti que estava completamente
anestesiada, não falava, só ouvia e parecia tudo tão estranho, quanto mais
ouvia as pessoas a falar, com um discurso seguro, confiante e com um sorriso no
semblante mais pequena eu ficava.
Tentava colmatar estes
sentimentos que literalmente me assolavam os pensamentos sem sequer pedir
permissão com panaceias instantâneas, "tudo tem um motivo de ser",
aquela frase de âmago gigantesco e profundo que exala água oxigenada para as
feridas momentâneas da alma e as desinfecta e mitiga. É confortável pensar
assim, pelo menos temos um norte que subjaz a tudo o que fazemos, mesmo que
seja um disparate. Os meus sentimentos chatearam-se e decidiram dividir-se 70%
nadava em completa amorfidade e os restantes drogados 30% estavam em completa
letargia, os quais foram vencidos rapidamente pelo jetlag.
De vez em quando lembrava-me,
estou em Timor, essa informação ainda não tinha sido muito bem processada pelo
meu cérebro, mas a minha sombra de 22 kg em forma de mala que me perseguia para
todo o lado ajudava-me a lembrar disso a cada instante. Só me lembrava da
alegoria da caverna de Platão, mas é uma alegoria mais personalizada a minha e
com contornos diferentes em que eu inverto o objectivo da alegoria, neste caso
as amarras a velhas crenças e pensamentos até se avistavam bastante cómodas e
suaves, não as queria libertar, eram o meu invólucro que me protegia e abrigava
e que já tinha a forma do meu corpo. Estava claramente em processo de negação!
Quando estava na cama, depois de
um dia que mais pareciam 5, lembrei-me de uma oração que me embalou e ajudou a
adormecer " Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que
já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam
sempre aos mesmos lugares. é o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado sempre à margem de nós mesmos".
Ámen
Sem comentários:
Enviar um comentário