terça-feira, 1 de abril de 2014

Emigrante


A minha vida há 4 meses atrás era uma autêntica ataraxia. Todos os dias tinham o mesmo sabor, os mesmos sentimentos, os mesmos pensamentos...como comida que não se gosta e que se mastiga eternamente para dissuadir o sabor e a mente.
Acordar e pensar "não me quero levantar e ir para um escritório gasto e carcomido por emoções de lassidão" só me apetecia virar para o lado e fingir que adormeci. Vencida e empurrada pela não resignação decidi declarar guerra à minha própria vida e colocar-lhe freio, há que colocar o nosso nome e a nossa hegemonia naquilo que é nosso, certo?
Todos os dias das 9h da manhã às 18h eu visitava sites e enviava o meu CV. Este processo foi um processo preguiçoso e que se movia lentamente, durou meses. Todos os dias recebia e-mails a agradecer a minha candidatura, mas que neste momento não estavam a recrutar, o típico, já adivinhava o conteúdo antes abrir os emails. Chegou um momento em que o quadro mudou de cores e algo de novo se avistava, lentamente, como se fosse um barco ao fundo do mar, que no início parecia uma simples canoa e que, conforme me aproximava mais, se transformava num verdadeiro Titanic, o Inov Contacto. Candidatei-me sem saber sequer para onde poderia ir, os destinos pareciam-me todos exóticos e a oportunidade “remunerada”.
O Titanic levou-me parar a Timor!



Família

Tudo começou obviamente com os comentários típicos da família:

- " Ai tão longe!! Não podes trocar? "- dizia a minha mãe intrigada.
- "Olha se quiseres não vais, não tens de ir, olha agora para Timor..." - assobiava o meu pai.
- "Gina tens de ter cuidado com as cobras de coral que atacam repentinamente, tens de a saber identificar e outra coisa muito importante, se por acaso houver um Tsunami, foge logo para as montanhas, não te ponhas a chamar toda a gente, não há tempo para isso, foge mas é!!! - diziam os gémeos com os olhos muito abertos.
 -"Timor? Que bom!! Isso é uma óptima notícia, parabéns" - dizia alegremente o Lino.
- "Timor? hmmm...não podia ser mais longe não é? claro que não tinhas de ir para o fim do mundo.. ainda por cima não tem neve, oh devias era ter ido para o Chile, aí sim eu podia fazer umas boas férias, agora Timor..." - lamentava-se o Carlos.

 Um prólogo fantástico que antecede o virar de uma grande página, que mais parecem 100.




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